Ontem foi dia de Parada Pedagógica no CEDEP, momento de integração e formação de Educadores e Equipes!
Pela manhã uma dinâmica diferente foi proposta: produção de peças de cerâmica com o Educador de Artes César Rossi! Pela tarde, uma conversa com o Pe Vilson propôs uma análise de conjuntura política a partir de uma perspectiva de direito à cidade.
Cidade de mercado ou Direito a cidade
A covid mata mais aos pobres e os sem infra-estrutura ou aqueles que moram nos bairros ricos da cidade? Os efeitos da COVID estão dentro de um contexto maior e apresentam como questão central se são consequêncas reais da pandemia ou simplesmente uma estratégia política de governo?
No início do sec XIX o liberalismo estava instaurado como logica funcional, mas com a precarização da mão de obra surge a demanda de um “estado” que possa regular a economia e o valor da mão de obra. A proposta de criação de um estado que sirva como mão reguladora é uma estratégia desenvolvida principalmente para recuperação da crise de 1929. Esse estado passa a se consolidar no início do Séc XX
A Europa viveu os 30 anos do Estado do Bem Estar Social como uma estrategia de investimento na cidade como um território de uso do coletivo, um espaço para as pessoas. Isso aconteceu logo após a II Guerra Mundial como uma forma de reconstrução do paises no pós-guerra. Esse investimento não aconteceu nos territórios pertencentes a América Latina e vivemos essas consequências até hoje. É importante compreendermos o motivo de o Liberalismo ser tão funcional dentro dos países do nosso continente, pois ele decorre sob uma noção de pensamento totalmente estruturado: ele coloca o vendedor de cachorro quente em um lugar de empreendedor/empresário, disposto a trabalhar quantas horas por dia forem necessárias, baseado no sonho de que, ao trabalhar com afinco, poderá alterar sua classe econômica. Essas pessoas, enquanto empresárias, além de trabalhar por horas a fio, muitas vezes sem nenhum direito garantido, ainda detestam a necessidade de pagar impostos para um Estado que se responsabiliza por atender em setores como saúde, assistência e tantos outros o tal do “vagabundo” que é, na realidade, uma pessoa em situação de rua – por exemplo.
Existe um modelo de cidade liberal, e nessa cidade existe um pensamento politico estruturado que se constrói de forma perfeita no discurso. Nesse sentido, precisamos entender a cidade como um espaço em disputa! E existe uma disputa pelas formas de enxergar, ocupar e utilizar os territórios da cidade.
É preciso compreender que o liberalismo enxerga a cidade como um espaço de troca. Um espaço de poder comercial, de riquezas e, principalmente, lucro. Registra-se que a pauta é enxergar na cidade o potencial que ela tem para fazer dinheiro. Não faz sentido, por exemplo, um liberal construir uma política pública para transformar a vida das pessoas da cidade.
Enquanto o modelo de cidade que acredita em um bem-estar social faz um esforço importante em enxergar a cidade enquanto um local de uso, e não um local de lucro, vai enxergar as necessidades das pessoas, as demandas sociais e econoômicas.
A cidade é algo identitário. É onde eu me sinto alguém, onde me identifico, me reconheço. Então é preciso entender as políticas públicas liberais de implementação da moradia, por exemplo, que – ao pensar a demanda de habitação para as pessoas empobrecidas em Florianópolis – sempre pensam em regiões como Biguaçu e Palhoça. Esses são os território que o pobre pode sentir-se pertencente em nossa cidade. Pois comprar uma casa ou apartamento em Florianópolis, é estrategicamente direcionado para quem tem dinheiro, como prevê um cidade mercado, uma estratégia de lucro.
Então, qual a contraproposta a uma cidade liberal? É o Direito a Cidade!
O conceito de direito à cidade prevê a possibilidade de alimentar o direito de ter direitos. É o direito de viver na cidade! Resolver o problema da habitação, não significa resolver o direito à cidade. O direito a cidade é permitir as pessoas o APROPRIAR-SE. É fazer parte da construção da cidade e na forma como ela irá acontecer. Trata-se sobre viver, conviver, participar e pertencer a cidade. É diretamente o contrário de ser agredido pela polícia de forma recorrente por motivos de classe, etnia, orientação sexual e ocupação dos territórios, seja para lazer, moradia ou manifestação política.
Quando um liberal chega numa ocupação, ele vai propor retirar as pessoas e avaliar o valor de venda daquele terreno para uma grande rede de hotéis ou supermercados, pois relaciona-se com a cidade como um caminho para o capital. Já um humanista, por exemplo, vai enxergar as pessoas, suas necessidades e propor caminhos para pensar a moradia daqueles que ali habitam. Percebam: a paisagem é a mesma, mas a política pública proposta será completamente diferente, senão oposta.
Precisamos entender a fome, a pandemia, o desmonte da educação como políticas públicas de um governo que prevê o lucro acima da humanização das relações, pessoas e territórios.
O IVG é um ato revolucionário.
O CEDEP é um ato revolucionário
Comer é um ato de Revoluçã